Dona Maria Costa, modelista e costureira de 79 anos de idade, já dançou muito forró ao som de Luiz Gonzaga (1912-1989). Natural de Nova Soure, no interior do estado, ela vive em Salvador há 40 anos e na capital foi a algumas apresentações do Velho Lua. "Vi Seu Luiz no Carnaval, no trio de Dodô e Osmar. E também no circo Troca de Segredos e no Parque de Exposições. Comecei ouvindo no rádio, em emissoras onde ele trabalhou como a Mayrink Veiga e a Nacional", lembra.
O sonho de Dona Maria é em breve visitar o Museu de Gonzagão, em Exu (PE), terra natal do Rei do Baião. Mas, enquanto não vai, ela aproveita a exposição Luiz Gonzaga 110 anos do Nascimento, que está no Salvador Shopping, com entrada gratuita. "Já vi tudo, fotografei e vou fazer um álbum!", comemorava Dona Maria.
Explica-se a euforia da fã de Luiz Gonzaga: a mostra tem itens realmente valiosos, originais, como o documento de um carro de que ele foi proprietário, um Furglaine, da Ford. Há, claro, uma sanfona usada por ele e diversas roupas de couro, incluindo, neste caso, algumas réplicas. Há também o manuscrito de uma entrevista que o compositor concedeu a uma revista de Luxemburgo, respondida a próprio punho por Luiz Gonzaga.
E tem mais: dezenas discos de vinil originais da carreira, lançados de 1958 a 1989, incluindo alguns autografados; um disco de 78 RPM do ano de 1947, contendo o clássico Asa Branca; e dez exemplares de revistas dos anos 50 com textos sobre o artista. Há ainda álbuns de fotografia do acervo da família de Luiz Gonzaga.
Fã e curador
Por trás da exposição, está Paulo Vanderley, administrador de formação, fã do compositor pernambucano e pesquisador da obra dele. O paraibano de 43 anos começou a se interessar por Luiz Gonzaga ainda na primeira infância: "Sou filho de um funcionário do Banco do Brasil, que sempre se mudava de cidade. Um dia, acabamos indo morar em Exu e meu pai era gerente da agência que tinha Luiz Gonzaga como o mais ilustre cliente", lembra-se Paulo. Provavelmente, isso permitiu que a exposição incluísse um cartão bancário original usado pelo músico.
Então, foi ainda na infância que Paulo se aproximou do compositor, antes mesmo de completar dez anos de idade, como mostra uma das fotos na exposição em que o curador aparece ao lado do músico, aos nove anos de idade. Outro item da exposição que vincula Paulo a Luiz Gonzaga é uma câmera de vídeo que o menino, aos nove anos de idade, usou para filmar o enterro do músico.
A exposição marca também o lançamento em Salvador do livro Luiz Gonzaga 110 Anos do Nascimento. Em papel de alta qualidade, a publicação inclui entrevistas transcritas que o compositor concedeu a diversos pesquisadores, como Dominique Dreyfus, autora do livro Vida do Viajante: A Saga de Luiz Gonzaga. O material foi cedido pela pesquisadora a Vanderley e jamais havia sido publicado. Tem ainda reproduções de revistas e jornais, além de centenas de fotos do músico em flagrantes pessoais e artísticos.
Mas, para quem é fã "hardcore" de Luiz Gonzaga como Dona Maria, o box incluindo o livro é uma tentação: ali, há reproduções fidelíssimas de itens pessoas de Luiz Gonzaga, como o citado cartão bancário e o documento do carro, além de ingressos para shows que o artista realizou e até a reprodução de um contrato de trabalho como "acordionista", com direto a anotações de férias e atualizações salariais.
Serviço
Exposição Luiz Gonzaga 110 anos Do Nascimento
Local: Salvador Shopping
Entrada: Grátis
Livro: R$ 200 | 488 páginas
Livro na caixa, com itens de colecionador: R$ 320
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